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A superdotação é frequentemente associada à inteligência acima da média e ao alto desempenho acadêmico. No entanto, um aspecto menos compreendido, mas igualmente importante, é a superexcitabilidade — uma característica emocional, sensorial e intelectual intensificada descrita na Teoria da Desintegração Positiva de Kazimierz Dabrowski (1964). Neste artigo, vamos explorar o conceito de superexcitabilidade, suas manifestações, impactos e estratégias para apoiar indivíduos superdotados que apresentam essa característica.
Superdotação refere-se a um conjunto de habilidades cognitivas, criativas ou artísticas significativamente acima da média. Segundo Renzulli (2005), a superdotação envolve a combinação de habilidades elevadas, criatividade e motivação para a tarefa. Gardner (1983), com sua Teoria das Inteligências Múltiplas, expandiu esse conceito, reconhecendo que a superdotação pode se manifestar de várias formas, como inteligências linguística, lógico-matemática, musical e interpessoal.
Crianças e adultos superdotados muitas vezes demonstram uma curiosidade intensa, aprendizado acelerado e uma capacidade avançada de resolver problemas complexos. Porém, junto com essas habilidades vem uma sensibilidade aumentada, que Dabrowski chamou de superexcitabilidade.
Kazimierz Dabrowski, psicólogo e psiquiatra polonês, desenvolveu a Teoria da Desintegração Positiva, que descreve o desenvolvimento emocional e psicológico como um processo dinâmico e, muitas vezes, turbulento. Um dos pilares dessa teoria é a superexcitabilidade — uma resposta neurológica intensificada a estímulos. Dabrowski identificou cinco tipos principais:
Em indivíduos superdotados se manifesta de maneira única. Pesquisas, como as de Daniels e Piechowski (2009), mostram que muitos superdotados apresentam múltiplas formas de superexcitabilidade simultaneamente. Vamos explorar cada uma em mais detalhes:
Indivíduos com essa característica apresentam uma energia física elevada. Crianças podem ser rotuladas como “hiperativas”, quando, na verdade, estão lidando com uma necessidade interna de movimento. Elas tendem a se engajar em diversas atividades ao mesmo tempo, buscando desafios que demandem esforço físico e mental.
Uma criança superdotada com superexcitabilidade psicomotora pode terminar suas atividades escolares rapidamente e ficar inquieta, procurando algo mais para fazer — muitas vezes sendo mal interpretada como desatenta ou indisciplinada.
Pessoas com superexcitabilidade sensorial experimentam o mundo de forma amplificada. Sons podem parecer mais altos, luzes mais brilhantes e certos tecidos insuportáveis ao toque. Embora isso possa levar ao desconforto, também permite uma apreciação estética mais apurada.
Uma criança que se emociona profundamente com uma música ou se incomoda intensamente com etiquetas de roupas pode estar demonstrando superexcitabilidade sensorial.
Essa é uma das características mais comuns em superdotados. Envolve uma curiosidade insaciável, sede por conhecimento e prazer em resolver problemas complexos. Eles frequentemente questionam normas, buscam entender sistemas e criam teorias próprias sobre o mundo.
Uma criança superdotada pode passar horas explorando temas avançados para sua idade, como astronomia ou filosofia, e se frustrar quando não encontra respostas satisfatórias.
Essa forma de superexcitabilidade envolve uma imaginação vívida e ativa. Crianças com essa característica costumam criar mundos fictícios elaborados e podem ter dificuldade em distinguir a realidade da fantasia.
Uma criança que passa grande parte do dia criando histórias e cenários complexos, transformando objetos comuns em personagens fantásticos, demonstra essa superexcitabilidade.
A superexcitabilidade emocional é marcada por emoções intensas e profundas. Indivíduos com essa característica frequentemente sentem empatia extrema e podem se sentir sobrecarregados por seus próprios sentimentos ou pelos dos outros.
Uma criança que chora ao ver um colega triste ou que sente alegria intensa por conquistas pequenas pode estar exibindo superexcitabilidade emocional.
Pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, ela potencializa a criatividade, o aprendizado e a empatia. Por outro, pode levar a sobrecarga emocional, estresse e dificuldades de adaptação ao ambiente escolar e social.
Desafios Comuns:
Benefícios:
Não necessariamente. Embora muitos superdotados apresentem algum tipo de superexcitabilidade, isso não é uma regra. Cada indivíduo é único e pode manifestar a superdotação de diferentes maneiras.
Depende da perspectiva e do contexto. Ela pode impulsionar o desenvolvimento intelectual, criativo e emocional, mas também pode trazer desafios emocionais e sociais. Com apoio adequado, pode ser canalizada de maneira produtiva.
Embora compartilhem características semelhantes, a superexcitabilidade não é um transtorno. Ela envolve reações intensificadas a estímulos, mas não impede o funcionamento saudável do indivíduo. A avaliação de um profissional especializado ajuda a diferenciar.
É essencial validar seus sentimentos, ensinar estratégias de regulação emocional e oferecer um ambiente seguro para expressar suas emoções. Terapias como a cognitivo-comportamental podem ser úteis se a criança apresentar sofrimento significativo.
A superexcitabilidade é uma característica marcante em muitos indivíduos superdotados. Embora apresente desafios, ela também é uma fonte de força e criatividade extraordinária. Com compreensão, apoio e estratégias adequadas, é possível transformar essa intensidade em uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento pessoal e acadêmico.
Referências:
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